Era sábado, o dia amanheceu ensolarado e
como uma aventureira adolescente, eu estava prontinha para fazer um bom
passeio, que cairia bem naquele dia; e não é que aconteceu mesmo! Do nada
surgiu um convite, para ir com umas amigas da igreja para uma chácara há uns
trinta quilômetros da nossa cidade, o trajeto seria o seguinte, sairíamos bem
cedo na manhã de sábado e retornaríamos à tarde no domingo, assim não
perderíamos o culto da família à noite, fiquei muito animada com esta viagem,
só tinha um probleminha, minha mãezinha querida disse “não”, esse foi o pior
obstáculo para que aquele esperado passeio não acontecesse; então parti para o
segundo plano, chorei, esperneei e fui assim mesmo.
Que loucura! Dei-me muito mau,
para inicio de conversa, ao descermos na praça da cidadezinha, tivemos que
passar pelo meio de um bananal muito escuro e parecia assombroso, só eu e minha
amiga Joana, pois sua irmã já havia ido dois dias antes de nós, como passei
medo ali, voltar não tinha como, pois o ônibus só saia da cidade uma vez por
dia, prosseguimos bananal a fora, quando baixei meus olhos para o chão em que
andávamos, avistei o que eu jamais queria ver, mandruvás (coró), de bananeiras,
agora pensa no medo que eu tinha desses bichos, aliás eu não tinha medo, eu tinha
mesmo era pavor, fiquei sem saber o que fazer, era como o velho ditado “se
correr o bicho pega e se ficar o bicho come”, danei a chorar no meio daquele
caminho, queria mesmo era a minha mãe naquela hora! Em fim chegamos ao velho
casebre, tudo era estranho, ali tinha uma sala, uma cozinha e dois quartos, os
quais eram divididos, um para o pai e o filho e o outro para cinco filhas, as
quais dormiam apertadas em duas camas e pra ficar mais apertado ainda, éramos
mais três; no quarto entrava raios do sol que clareava os casulos pendurados
pela telha de barro e na trave da humilde casinha; sem contar que as aranhas
teciam as teias, noite e dia na janela como se fossem cortinas, a única coisa
apreciável que os meus olhos viram, foi uma velha fornalha acessa o tempo todo,
e sobre ela as antigas panelas de ferro ferviam, eu sabia que ia sair dali algo
muito bom e gostoso. Para banhar, não foi nada fácil, o banho era de bica, a
água era gelada e o sabão era de bola, não havia nele perfume algum. Ao
retornarmos do banho é que fui perceber que a casa ficava no meio de uma
plantação de mamoneiras, quando olhei não acreditei no tanto de mandruvás
verdes e grandes que avistei ali, pareciam cobras de tão grandes e horríveis
que eram, corri o mais depressa para dentro da casa, só sei que a noite não preguei
os olhos quase nada, os raios da lua entrava pelas fendas do telhado e eu
conseguia avistar aranhas tecendo e casulos por todo o telhado.
Fui acordada muito cedo, se é que
dormi, o sol ainda escondia atrás da mata, partimos então para uma extensão
daquele passeio, indo para uma fazenda que diziam ser perto dali, acho que foi
a caminha a pé mais longa da minha vida, este lugar parece que não existia,
pois ele nunca chegava, passamos por uma mata, depois por um bananal, do qual
eu não gostei nadinha, atravessamos um córrego, um pasto e em fim avistamos uma
casa muito grande e ali matamos a fome, com uma delicia de frango caipira, era
hora de voltar,fizemos aquela trajetória tudo de novo, passamos pelos mesmos
obstáculos, o cansaço tomou conta do corpo, e o pior é que não daria mais tempo
de chegar à cidadezinha e pegar o ônibus, pois ele agora só viria na segunda
feira, naquele tempo não existia celulares no Brasil, então não tinha como avisar
meus pais, e eles estavam preocupados comigo, e eu queria voltar e nem no sonho
queria passar mais uma noite ali.
Ao nos aproximarmos do casebre,
quase entrei em pânico, temi muito em olhar para as mamoneiras, só sei que
entrei correndo ali, arrumei meus pertences e já fui dizendo “vocês podem até
ficar aí, mais eu já estou saindo”, me disseram que eu não deveria ir, pois
onde eu iria passar a noite, se ônibus só viria no outro dia; despedi de todos
e agradeci e já fui saindo com uma coragem de louco, eu estava resolvida a
dormir em qualquer lugar que eu encontrasse pelo caminho, com essa minha
atitude, minhas amigas para não me deixarem sozinha, me alcançou pelo caminho,
eu orava o tempo todo pedindo a Deus que nos enviasse uma carona, quando
chegamos à beira da rodovia, vinha um ônibus de outra localidade, acenamos e
pedimos que parasse e nos levasse até nossa cidade e assim Deus usou de
misericórdia conosco e então retornamos em paz. Por pior que fosse o castigo
que me esperava, nada comparava ao medo e angustia que senti. A vontade de
chegar a minha casa era imensa, queria a segurança de meus pais e o conforto de
minha cama. Esse foi o pior passeio da minha vida, o passeio da desobediência.
Aprendi muito com isso, a
desobediência nos leva a prejuízos, nos tira de debaixo da proteção de Deus;
distante de Deus, estamos totalmente desprotegidos, o medo e a angustia toma
conta de nossa alma. O preço da desobediência não vale apena, é sofrimento na
certa.
“Porque, como
pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela
obediência de um, muitos serão feitos justos”. Romanos 5:19.
O pecado
é a causa do fracasso!
Quer ter
sucesso? Ande em fidelidade com Deus!
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